As principais transformações na evolução da medicina
23 de agosto de 2016 Por TMEBR'
A evolução da medicina é patente e se constitui em uma das principais molas propulsoras da evolução das sociedades, já que ela aumenta a expectativa de vida da humanidade e ainda contribui solidamente para a melhoria de sua qualidade.
Por meio da evolução histórica dos conhecimentos clínicos e também dos recursos tecnológicos foi possível obter diagnósticos mais precisos, tratamentos menos invasivos e especializações clínicas até então consideradas desnecessárias.
Os recursos limitados da medicina da antiguidade
Antigamente, o profissional da medicina se baseava na observação clínica dos sinais e sintomas dos pacientes, nos poucos livros publicados e na experiência empírica das estratégias terapêuticas. Esses profissionais não dispunham de muitos recursos tecnológicos e ainda acreditavam no poder das divindades.
Além disso, a expectativa de vida era muito inferior ao que se vê nos tempos de hoje, fato que dificultava a investigação do agravamento ou da causa de morte dos indivíduos.
O cenário também apresentava medicamentos com pouca eficácia clínica, muitos eventos adversos e duvidoso controle de qualidade.
A medicina apresentava um direcionamento exclusivamente curativo, não considerando os parâmetros de monitorização do tratamento, medidas profiláticas ou programas de imunização para prevenir doenças ou suas complicações.
A evolução que se iniciou com Hipócrates
A primeira grande contribuição da medicina hipocrática se refere à dissociação de doenças das crenças religiosas e dos rituais para sanar ou evitar o aparecimento dos problemas.
Hipócrates preconizou a observação para investigar as funções do organismo. Sua conclusão sobre a causalidade das doenças atribuía o princípio das doenças ao desequilíbrio dos humores — sangue, fleuma, bile amarela e água — teoria que mais tarde seria refutada.
Porém, ele foi um dos pioneiros na dissecação dos cadáveres e também no registro empírico do que posteriormente viria a se denominar prontuário médico. Isso porque um das suas recomendações era registrar todos os acontecimentos relacionados ao paciente para análise da evolução da doença.
Com o advento do microscópico e das técnicas de coloração celular, o histologista espanhol Santiago Ramon y Cajal identificou a estrutura do neurônio para mais tarde outro cientista, Frances Paul Broca, identificar a estrutura neural lesionada em pacientes afásicos.
Essas descobertas facilitaram as pesquisas do psiquiatra alemão Alois Alzheimer que, em 1901, caracterizou a doença neurodegenerativa que leva seu nome.
Francis Crick e James Watson, em 1953, concluíram suas pesquisas sobre a estrutura hélice do DNA, fenômeno que possibilitou o mapeamento genético dos animais e abriu portas para o desenvolvimento da biologia molecular.
O princípio da medicina moderna
Nos dias atuais, estamos bem providos de diversos e vastos conhecimentos sobre microbiologia, fisiologia, farmacologia, radiologia, cuidados paliativos dentre tantos outros que justificam a criação das especializações médicas.
Devido à mudança no perfil de doenças e dos artefatos tecnológicos existentes, foi possível desenvolver especializações médicas que antes não era possível. Enquanto antigamente a clínica médica poderia se responsabilizar pelo diagnóstico de um paciente, atualmente o encaminhamento para médicos especialistas é quase que rotineiro.
As especializações médicas chegaram em conjunto com as evoluções tecnológicas e com as diferenciações fisiológicas e patológicas dos pacientes.
Hodiernamente, existem médicos especialistas em pneumologia pediátrica, ultrassonografia ginecológica, neonatalogia, radiologia intervencionista e angiorradiologia, dentre outras.
A evolução da medicina com a assistência ao paciente
Pensar na assistência ao paciente envolve a integralização do cuidado. Esse conceito vem da ideia remota de que o paciente não pode ser “desmembrado” para ser analisado. As concepções biopsicossociais devem ser consideradas para avaliação da conduta terapêutica.
Nesse sentido, é importante embasar qualquer tratamento nas condições patológicas, sociais, psicológicas e econômicas do paciente. Os profissionais devem se solidarizar com as tormentas e sofrimentos do paciente e tratá-lo de forma mais humanizada possível.
Sendo assim, é importante que cada profissional de saúde contribua com suas recomendações clínicas e trabalhe em conjunto com os médicos para garantir uma assistência de qualidade e de uma forma interdisciplinar.
Os avanços trazidos pelo advento da tecnologia
O advento da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para a saúde do paciente. Dentre os diversos que podemos citar, reunimos a seguir as principais tendências.
1. Impressão em 3D
A impressora em 3D permite a reprodução de cópias de células, tecidos e órgãos em três dimensões. Essa prática tecnológica proporciona a multiplicação de tecidos para finalidades farmacológicas e médicas.
Pesquisas recentes conseguiram imprimir um tecido para se diferenciar em ossos e cartilagens e auxiliar na remodelação óssea. Também já foi reproduzido o coração de um recém-nascido com diagnóstico de cardiopatia congênita para facilitar a intervenção cirúrgica realizada pelos médicos.
2. Telemedicina
Devido à facilidade de comunicação obtida por meio de dispositivos tecnológicos disponíveis é possível trocar informações entre indivíduos e outros profissionais de saúde de forma rápida, segura e eficiente.
Trata-se da telemedicina, tecnologia que permite o envio e recebimento de informações através de videoconferência, correio eletrônico, rede informatizada de hospitais e outros.
Assim, é possível também obter laudos médicos online, tirar dúvidas por meio de aplicativos de mensagens instantâneas, acompanhar cirurgias por videoconferência ou compartilhar informações clínicas com outros profissionais.
Uma das especialidades da telemedicina relaciona-se a cardiologia, onde é possível realizar os exames de monitoração da função cardíaca e receber os resultados de forma ágil e cômoda.
Através da telemedicina cardiológica é possível receber dados dos pacientes que utilizam holters e descarregá-lós em computadores ou enviá-los diretamente ao médico. Também é possível avaliar as medidas de pressão arterial e, quando houver qualquer anormalidade nesses parâmetros, um alerta é emitido.
Monitorização minimamente invasiva
Devido ao desconforto de aplicações subcutâneas diárias, pacientes com diabetes usuários de insulina poderão, em breve, se beneficiar de tratamentos menos invasivos.
Alguns estudos em andamento propõem um monitor transdérmico que faria a leitura da glicose sanguínea nesses pacientes. Através dessa tecnologia será possível detectar as alterações da glicose, pois esse dispositivo remove as células da epiderme e realiza a leitura no tecido da derme, que é vascularizado.
A farmacogenômica pelo mapeamento genético
Com o mapeamento genético completo do ser humano foi possível estudar a interferência dos genes na resposta aos medicamentos, objeto de estudo da farmacogenômica.
Através do mapeamento genético será possível identificar os pacientes quanto à presença de enzimas hepáticas que podem facilitar ou dificultar a metabolização dos medicamentos.
Algumas pesquisas já estão avançando nessa área. Pacientes que utilizam medicamentos como a heparina, sinvastatina e tacrolimus devem ser submetidos a analises genéticas que identificarão à sensibilidade ou resistência a ação desses fármacos.
A evolução da medicina é um processo contínuo e com grandes perspectivas. Os avanços tecnológicos, somados aos novos conhecimentos propiciaram a detecção precoce de doenças, análises genômicas dos pacientes, monitoramento remoto dos parâmetros fisiológicos, dentre outras mudanças.
Dada a celeridade da medicina é preciso que os profissionais da área também se atualizem constantemente. Esse artigo foi informativo para você? Comente conosco nos comentários!
