A Telemedicina no Brasil e o protagonismo da telecardiologia na saúde

15 de julho de 2021

Telemedicina no Brasil: Panorama Atual

A Telemedicina no Brasil não é mais uma tendência, ela simboliza grande passo da saúde em geral. Mais além disso, a telecardiologia vem se destacando, se revelando um grande protagonista no contexto da telessaúde.

Infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca: essas são as principais doenças cardiovasculares que levam ao óbito no Brasil. Tendo em vista essa informação tão alarmante, abordaremos a importância e o protagonismo da telecardiologia na saúde brasileira.

Panorama da Telecardiologia: Entraves na Telemedicina no Brasil

De início, a justificativa para o alto número de adoecimentos e mortes relativos ao coração no Brasil está na logística. Isso porque o acesso ao eletrocardiograma e às consultas cardiológicas é diariamente dificultado por questões geográficas, seja pela distância dos centros de saúde, seja pela precariedade dos serviços da região.

Outrossim, somada à restrição de acesso mencionada acima, a pandemia do novo coronavírus trouxe outro empecilho: o medo. Diante desse cenário, o distanciamento social trouxe consequências drásticas para saúde do brasileiro, uma vez que a procura por consultas e exames de rotina sofreu uma redução jamais vista antes.

Pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intensiva (SBHCI) mostraram que, na primeira semana de abril de 2020, os atendimentos a pacientes de infarto caíram em torno de 70%.

Ainda em 2020, o mês de março foi marcado por uma queda de 50% nas angioplastias do Hospital das Clínicas da USP, quando comparado ao mesmo mês em 2019, segundo dados do próprio Incor-FMUSP.

O que é a Telecardiologia e qual sua relação com a Telemedicina no Brasil?

Com tantas estimativas preocupantes sobre a saúde do coração no Brasil, a telecardiologia tem se mostrado ainda mais essencial, já que atua na prevenção e nos diagnósticos precoces, levando atendimento imediato e de qualidade.

Essa “submodalidade” da telemedicina funciona como tal, na verdade ela é uma extensão da telemedicina mais voltada para o sistema cardiovascular, oferecendo desde o monitoramento das condições do paciente, até a emissão de laudos digitais.

É uma revolução da medicina que sustenta toda a gestão inteligente de hospitais, clínicas e consultórios, tendo sua regulamentação emitida pela Anvisa e pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

Como funciona a Telemedicina e Telecardiologia no Brasil?

Por meio de eletrocardiógrafos digitais, os dados e informações importantes dos pacientes são armazenados e, em seguida, enviados à especialistas responsáveis pela interpretação de exames, devolvendo os laudos em tempo real.

Existem, ainda, sistemas que usam da Inteligência Artificial (AI) para fazer um cruzamento de dados já armazenados para auxiliar na identificação precisa de anomalias, corroborando com um laudo ainda mais certeiro.

A telemedicina cardiológica possibilita a entrega de laudos online, segunda opinião de especialista, avaliação de testes e videoconferências para discussão e entendimento de casos a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

Pré-requisitos para a prática de Telecardiologia

Previamente, existem condições para a prestação de um serviço completo e qualificado:

  • Profissionais capacitados: assim como os profissionais que prestam serviços telecardiológicos são altamente capacitados, é necessário que o contratante também disponha dessa qualidade, devendo treinar um técnico de enfermagem para a condução dos exames, seguindo as exigências do CFM e da SBC (Sociedade Brasileira de Computação);
  • Registros digitais: recurso principal para a mediação entre exames e laudos, os equipamentos digitais podem ser adquiridos ao contratar a TME – Telemedicina Cardiológica (uma das maiores empresas do ramo em 2021) sob forma de locação ou comodato;
  • Ambiente de compartilhamento: para tornar mais rápido e viável todo o processo, a TME (empresa especializada em Telemedicina Cardiológica no Brasil) utiliza a PROTEUS como a base de segurança, agilidade e comunicação com o cliente.

Patologias mais diagnosticadas

Dentre as inúmeras doenças que envolvem o aparelho cardiovascular, as mais recorrentes de diagnóstico dentro da telecardiologia são:

  • Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
  • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
  • Arritmias

O que a Telecardiologia pode oferecer dentro da Telemedicina no Brasil?

Em se tratando de exames, a telecardiologia é uma ferramenta mais que completa. Confira a seguir a lista dos principais exames:

Eletrocardiograma

Analisando e registrando a atividade do miocárdio com o auxílio de eletrodos, o ECG em repouso é um exame rápido, indolor e extremamente necessário para monitorar a saúde do coração.

É o exame de rotina mais solicitado, tendo como norte a avaliação de condições como o ritmo dos batimentos cardíacos.

Holter

É a extensão do ECG por, no mínimo, 24 horas, sendo solicitado para avaliar condições não aparentes no ECG.

Nele, o paciente é submetido a medições regulares por meio de eletrodos no tórax, com o intuito de estabelecer um padrão e identificar anormalidades do ritmo cardíaco.

Mapa

Monitoração Ambulatorial da Pressão Arterial em 24 horas – M.A.P.A. – é um exame que possibilita uma avaliação completa das variações na pressão arterial.

O paciente permanece com um manguito no braço que afere a pressão regularmente.

Tomografia Cardiovascular

A partir de uma ínfima quantidade de radiação ionizante para a formação de imagens, esse exame coleta registros do coração sob diversas perspectivas, possibilitando a observação da anatomia dos tecidos cardíacos.

Ressonância Cardiovascular

Tendo em vista a análise interna do coração, esse exame tem uma altíssima resolução possibilitada pelo uso de um campo magnético.

Ainda que seja mais dispendioso, por não usar raios X, ele pode ser realizado em grávidas e crianças.

Teste Ergométrico 

Também conhecido como ECG de esforço, esse exame coleta informações sobre batimentos cardíacos enquanto o paciente caminha ou corre sob uma esteira. Sendo imprescindível para a detecção de arritmias e anormalidades só observadas quando é exigido do paciente um esforço maior do músculo cardíaco.

Risco Cirúrgico

Esse exame é, na verdade, uma combinação de outras avaliações. 

Para se medir o risco cirúrgico, são analisados a anamnese, o exame físico e outros exames como ECG. Isso tudo para oferecer segurança ao paciente, avaliando as chances do aparelho cardiovascular apresentar falhas durante cirurgias.

Além dos exames supracitados, a telecardiologia também oferece outros serviços imprescindíveis à saúde do paciente, sendo eles: 

Monitoramento Remoto

Essa ação possibilita que pacientes cardiopatas possam ser monitorados no próprio sofá de casa ou no centro de saúde local, diminuindo as visitas aos hospitais e oferecendo maior conforto e comodidade ao paciente e ao profissional da saúde.

As informações dos dispositivos cardíacos, como marcapasso e holter, são enviados à equipe de telecardiologia que avalia em tempo real a condição do paciente assistido. Tal possibilidade fez com que essa ferramenta fosse amplamente utilizada em UTI’s móveis, já que os dados são inseridos no prontuário eletrônico, agilizando ainda mais os atendimentos de emergência.

Teleconsulta na Telemedicina no Brasil

Tanto pode ser médico-paciente, quanto entre a própria comunidade médica, servindo como mediadora para a segunda opinião. Tal processo é essencial para a formulação de diagnósticos precisos e de tratamentos adequados, além de oferecer o acesso a médicos especialistas em regiões remotas.

Capacitação

No que tange à capacitação, a telecardiologia visa atualizar e preparar profissionais da saúde que se encontram longe dos grandes centros. Valendo-se de videoconferências, aulas e palestras, a teleducação surge como forma de preencher as lacunas de conhecimentos oriundas das dificuldades geográficas.

Benefícios e Impactos da Telecardiologia

Após a exposição do que a telecardio pode oferecer, resumimos aqui os seus impactos positivos:

  • Laudos online em tempo real
  • Redução de gastos com deslocamento
  • Preservação da vida do paciente
  • Redução de visitas e encaminhamentos desnecessários aos hospitais
  • Segunda opinião e discussão de casos (enriquecimento pela troca de informações)
  • Paciente passa a ser o protagonista pela sua saúde e mudanças de hábitos
  • Atendimento completo e em tempo integral
  • Acesso à especialidade em áreas remotas

Telecardiologia e Emergência

Como já mencionado anteriormente, essa modalidade está cada vez mais inserida nos atendimentos de emergência por agilizar e dar maior segurança aos procedimentos remotos que necessitam de diagnóstico imediato.

Tais impactos fizeram com que as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (CBC) julgassem a telecardiologia como crucial na emergência.

Além disso, é extremamente importante ao disponibilizar o cardiologista em tempo integral e a qualquer momento quando é solicitado.

Dessa forma, revoluciona a democratização e a humanização dentro dos serviços de saúde, uma vez que proporciona um atendimento de qualidade em pequenas ou precárias instituições, diminuindo o deslocamento tanto do médico quanto do paciente.

Em meio à emergência, ter o auxílio da telecardio reduz a sobrecarga de afazeres e aumenta a segurança e confiabilidade dos laudos, que são emitidos em tempo real.

Além disso, aumenta a eficiência de tratamentos, reduz custos e diminui a ocupação de leitos.

Programa de Telecardiologia: Solução em tempos de pandemia

Em abril de 2020 a SBC lançou o Programa de Telecardiologia, com o intuito de esclarecer dúvidas de pacientes cardiopatas e facilitar o acesso ao cardiologista, agindo de forma preventiva e de antecipação do atendimento.

O programa surgiu como forma de tentar amenizar os impactos da pandemia sobre a saúde de pacientes com comorbidades sem que o distanciamento seja desrespeitado.

É uma plataforma virtual da SBC em conjunto com a Conexa Saúde que amenizou a distância entre médico e paciente e democratizou a saúde.

Grande parte dos cardiopatas somente procuram ajuda em última instância, colaborando para os grandes índices de mortalidades já citados. O advento do Programa de Telecardiologia é um marco para a saúde brasileira, prometendo ser uma plataforma com sobrevida muito além da pandemia.

Além das teleconsultas, a plataforma também possibilitou o telediagnóstico, a teleorientação e a emissão de receitas médicas com o aparato dos certificados digitais.

Regulamentação da Telemedicina no Brasil: Lei Nº13.989

Sancionada em 15/04/2020, a Lei Nº13.989 reconheceu e autorizou o uso da telemedicina em tempos de pandemia, embora a ferramenta existisse desde o início dos anos 90, tendo suas normas regidas pelo CFM de acordo com a resolução Nº 1.643/2002.

Mesmo com ressalvas, a legislação representa um grande passo para a evolução brasileira, já que, com o reconhecimento da telemedicina, o acesso à saúde tornou-se muito mais democrático, seguro e de extrema qualidade. Afinal, é impossível dissociar a tecnologia da medicina, ainda mais com tantos recursos e demandas por saúde.

Segurança 

Todo o sistema que configura a telemedicina e suas extensões, em especial a telecardiologia, é extremamente seguro e antifraudes, valendo-se da criptografia de dados e da autenticação para o armazenamento das informações em servidores remotos.

Diretriz da SBC sobre como funciona a Telemedicina na cardiologia

Em 2019 a SBC estabeleceu a Diretriz de Telemedicina Aplicada à Cardiologia, visando através desta redação, esclarecer as bases científicas e as aplicações pertinentes à telecardiologia nos tempos atuais.

Com a diretriz, a segurança e a eficácia da telecardiologia ficaram mais evidentes, deixando claro que os princípios da ferramenta são:

Autonomia do paciente e a proteção das suas informações e dados referentes à saúde. 

Quando se usa a tecnologia em prol da saúde, o que vemos é um resultado transformador:

A medicina transcende sua essência curativa e assume nova postura (de prevenção), diminuindo custos, elaborando diagnósticos e tratamentos mais resolutivos, além de possibilitar procedimentos menos invasivos.

Quer ficar por dentro do universo da telecardiologia? Continue acompanhando o blog da TME para se manter atualizado e informado.

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Por Paulo Miranda Filho

Médico, diretor de crescimento na TME, professor de empreendedorismo no MBA Health do BBI of Chicago, Gestão de TI (FIAP) e Especializando Gestão de Negócios (FDC).

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